1975
Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo pra mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim.
1978
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim
"Escrita para os nossos cravos, em 75. Foi vetada pela censura brasileira, mas navegou o “tanto mar tanto mar” e chegou cá. Foi gravada, pela primeira vez, num espectáculo ao vivo com Maria Bethania, ainda em 1975, mas apenas como instrumental.Em 78, a censura liberou-a, mas o autor, um pouco desapontado com o rumo da revolução, decidiu fazer uma segunda versão."
É triste, é verdade e mostra o país que temos, que desilude, que marca. Numa altura em que se comemora os 30 anos da nossa Constituição os nossos políticos e juristas ainda louvam a grande obra que naquele tempo se fez.. Mas esquecem-se de tudo o que foi desperdiçado, da maravilhosa oportunidade que tiveram em mãos para mudar tudo, para se excederem e tornarem Portugal no país que merece ser...
Não chega, pá!!
3 comentários:
Este é o primeiro comentario que faço a este post, mais virão pois está aqui lançado um tema pertinente...
"Portugal já civilizou a África, a América e a Europa. Falta agora civilizar a Europa."
Caetano Veloso , citando Agostinho da Silva
uma musica que simplesmente emociona. :)
Pode e deve-se!!
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