24 março 2011

Ódio à Esquerda


"Paulatinamente, as edificações hegemónicas que correspondem ao conservadorismo instalado foram construindo o seu próprio formato revisionista, através de uma depreciação da ideia da revolução na historiografia contemporânea, em paralelo com a diluição do seu património histórico e simbólico na consciência colectiva. Ao mesmo tempo (...) tornou-se constante ressaltar os erros, os desvios e os excessos dos processos de aceleração da história, numa investida coetânea da ofensiva política neoconservadora, iniciada nos primeiros anos do cavaquismo. As revoluções e os revolucionários passaram a ser apresentados como gente fora do tempo, destemperada, pouco cool. Mais, falar e escrever acerca de revoluções e revolucionários não está na moda. Cobre-se de ridículo quantos deram o melhor de si, generosamente, em processos de invenção da democracia num país que a desconhecia, ou deprecia-se os seus feitos, conectando-os com a instabilidade social. Os processos revolucionários são negativizados, remetidos para a anormalização, patologização e a psiquiatrização."

Paula Godinho na introdução do livro "Gente Comum, uma história na PIDE" de Aurora Rodrigues

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