23 setembro 2008

Equivalências e balbúrdias que tais

Ministério investiga subida suspeita de notas de acesso à universidade

Este artigo não tem nada de extraordinário em si, o que interessa está sobretudo nos comentários. A questão é a seguinte: como estas escolas têm classificações de 1 a 7, existe uma portaria (nº433/2005 de 19 de Abril) que estabelece que quem tiver, por exemplo, uma nota de 4.8 irá concorrer com um 13.71, ou seja, um 14. O que aconteceu foi que existe uma nova portaria que altera esta, inflacionando de forma significativa esta conversão. No entanto, esta tal portaria ainda não foi publicada, o que significa que não é eficaz, levando a que todas as notas que foram "inflacionadas" sejam falsas.

Daqui derivam imensas questões, sendo a maior parte delas abordadas nos comentários ao artigo. As mais engraçadas têm que ver com a paternidade dos alunos dos colégios que actuam segundo este sistema. As mais discutíveis referem-se à qualidade e dificuldade destes programas em relação aos públicos, esquecendo-se as pessoas que "a pública" não é minimamente homogénea.

Quanto a mim não existem currículos perfeitos, apenas alunos com condições económicas às quais chamar apenas acima da média seria absolutamente ridículo. O rendimento médio dos pais dos meninos destes colégios deve ser mais que 10x's superior ao resto da população portuguesa, daí que os resultados sejam melhores. Mesmo que o currículo seja melhor e mais exigente, se estes alunos têm a sorte de o poder frequentar e de ter as condições económicas que têm, então não deveriam precisar de bónus na equivalência, que façam os exames nacionais e rebentem com a escala que entram de certeza. Parece-me é que estes alunos não fazem os exames nacionais...

3 comentários:

effetus disse...

Deixa-me ser um pouco cínico, Bernardo:
Se a educação ministrada nas tais escolas privadas onde andam os meninos ricos é melhor que a ministrada nas escolas públicas... o mal está nestas últimas, não naquelas!
Não é?
Abraço.

Beko disse...

Atenção que eu nunca disse que a "educação ministrada nas tais escolas privadas onde andam os meninos ricos é melhor que a ministrada nas escolas públicas", o que eu disse é que estes tendem a ter melhores resultados. Aliás o que eu digo é que o que traz melhores resultados não é uma qualidade de ensino superior, mas sim as condições socioeconómicas dos alunos (e pais dos mesmos) dessas escolas. Se apanhas em casa e não tens que comer é normal que a escola não te diga muito...

effetus disse...

...sim, mas também há os vice-versas... e cada vez mais.
Tive colegas ricos que eram uns estróinas e tive colegas pobres que eram os melhores alunos. E pelo que sei, ainda há disso.