12 setembro 2008

Faltam bons revisores

Escreve Catarina Oliveira, de Lisboa, no Sol de 6 de Setembro, página 43:

" Tabaco e falta de civismo

É de louvar e aplaudir a forma como os portugueses acataram a nova lei do tabaco. Nos locais públicos e empresas, é notória a 'obediência' ao que ficou estipulado na lei.
No entanto, verifica-se que, ao cumprirem a lei, os cidadãos são obrigados a ir fumar para a rua. E é aqui que reside o problema. As cidades estão mais sujas e as portas dos edifícios acumulam inúmeras beatas... Seria de bom tom que as respectivas câmaras municipais (uma limpeza diária é insuficiente), as empresas e os comerciantes arranjassem uma solução para evitar esta sujidade que invade as nossas ruas - a qual está, obviamente, associada a alguma falta de civismo.
Na ausência de uma solução conjunta, sugeria que cada um dos responsáveis dos respectivos edifícios ficasse incumbido da limpeza diurna do espaço correspondente ao seu número de polícia. Todos nós sairíamos ganhadores com esta medida. "

Eu nem sei por onde começar no meio de tanta parvoíce e ingenuidade. Como é normal, enquanto fumador, a mim chateia-me um bocado esta nova lei. Não a considero uma má lei, acho mesmo que era necessário que se controlasse de alguma forma o fumo em locais fechados. No entanto chateia-me porque me causa algum incómodo não poder beber a minha bica e fumar o meu cigarro ao mesmo tempo. Chateia-me porque apesar da existência desta lei, que significa no fundo que se evita em grande parte os fumadores passivos (se tal não acontece de nada serve e é revoga-la já), o preço do tabaco continua a subir devido principalmente aos impostos sobre o mesmo (como é possível que 20 pedaços de ervas embrulhadas num papelzinho custem, neste momento, acima de 3,5€!!!!). Ora menos fumadores passivos, menos pessoas nos hospitais devido a problemas com o tabaco, menos gastos para o estado, menos impostos, certo? Pelos vistos, não.
E não foram só, nem principalmente, os fumadores que esta lei veio chatear. Os donos dos cafés que tiveram de comprar os caríssimos exaustores e os que não têm dinheiro e perderam clientela de certeza que também não vivem muito felizes.
Apesar disto, vem esta senhora, com certeza não fumadora e como tal ÚNICA beneficiária deste cenário, dizer que é de bom tom que todos os que se viram incomodados por esta lei paguem mais para que esta senhora, QUE SÓ BENEFICIOU COM ESTA LEI SEM PAGAR UM CÉNTIMO, não se sinta incomodada pelas beatas no chão.
Proponho aqui que se faça um imposto de não fumador equivalente ao imposto que um fumador médio paga por dia, para que se subsidiem os exaustores dos cafés e para que se paguem cinzeiros a cada 100 metros. Parece-me justo.

P.S. – Nem comentei a acusação de falta de civismo porque esta senhora deve achar que as beatas vão parar ao chão porque os fumadores são mal-formados e não porque NÃO EXISTEM CINZEIROS NAS RUAS!!!
P.P.S – E eu cá não vou pagar para que se limpe a rua à frente de minha casa, era só o que faltava.

1 comentário:

Anónimo disse...

1. A tendência para o olhar de muitos seres humanos se centrar no seu próprio umbigo é triste e grave, neste como em outros assuntos.
2. Fumadores não são "pessoas mal formadas, 'sujas' ou portadores de doença contagiosa". Há muito a dizer sobre esse vício.
3. Louvo também os que já começam a ser desobedientes em situações que todos vêem ser ridículas.

Obrigado por ter referido este assunto, nem de longe nem de perto, tão simples e linear como parece.

Vou voltar.