14 janeiro 2009

Religião, finalmente - A polémica

O problema que expus no post anterior parece ser que as pessoas religiosas não estão habituadas a concorrência. Os infiéis, finalmente, deixaram de ser aqueles que têm um Deus (eu queria escrever deus, mas assinala erro) diferente, para passar a ser aqueles que não acreditam em qualquer deus (vou passar a escrever mesmo assim).

Eu não acredito, óbvio. Não tenho problemas nenhuns com isso, mas chateia-me que quem acredite queira censurar este tipo de mensagem. Todos nós somos bombardeados com publicidade que anuncia que deus existe e nunca nenhum ateu se deve ter queixado disso. Existem programas de rádio, missas ao domingo na TV, pessoas com umas coisas ao pescoço (acho que são cruzes ou lá o que é) a anunciarem que deus existe e os ateus - por sinal a maior parte das pessoas que conheço - nunca dizem nada. Agora que existe um movimento que apenas enuncia a base do que é ser ateu, sem tentar converter, de forma não insultuosa, tumba! somos intolerantes.

Uma das grandes satisfações dos críticos do anúncio é a expressão utilizar a palavra "probably". É preciso dizer que já existe uma queixa na Advertising Standards Authority de alguns que consideram os anúncios ofensivos, mesmo indecentes. Imaginem só o que aconteceria se não estivesse lá o tal "probably". Outra das grandes bandeira dos tolerantes católicos que andam por aí (os mesmos que não são contra a declaração homofóbica do senhor Bento) é a dos anúncios se limitarem a cristãos, não existindo, ainda, anúncios a passar em comunidades muçulmanas. O que se passa é que estes anúncios não são dirigidos a ninguém, não querem obter conversões, mas sim sorrisos. Para quem ainda não tenha percebido, nós os ateus não levamos isto muito a sério.

Até o senhor director do Público se pronunciou contra a campanha, não por achar que atinge os crentes, mas sim pela parte do "enjoy life". Ao que parece devíamos andar por aí todos muito preocupados com as crises que grassam este mundo em vez de andarmos a gozar a vida. Não me parece é que esteja minimamente relacionado o facto de eu gozar a vida e Israel invadir a Faixa de Gaza. Mas parece que ele sabe qualquer coisa que eu não sei...



3 comentários:

Petit Bourgeois@Villa disse...

Eu acho sinceramente que o sr. director do Público devia seguir o seu prórpio conselho e preocupar-se com a crise, deixando os ateus em paz. Mas ser deixado em paz é algo que apenas os crentes podem pedir: os judeus pedem aos muçulmanos, os muçulmanos pedem-no aos judeus, os católicos aos anglicanos e os anglicanos aos católicos, todos aos católicos, etc. etc. etc.

E os ateus é que têm de ser tolerantes!!?? Os ateus têm que ser proactivos na sua tolerância. por outras palavras, como não têm um deus que venerar, não têm, supostamente, necessidade de mostrar que não veneram ninguém. Têm é que ficar em casa a não rezar e ficar caladinhos fora de casa.

Se o sr. director está tão preocupado com a crise não devia ficar contente por haver mais clientes da indústria da publicidade? Ou o dinheiro dos ateus não serve?

Se não é suposto gozarmos a vida, tanto me dá que haja crise ou não!

a. disse...

e com um título destes pensava que ias falar do cardeal patriarca de lisboa...
mas adorei os anúncios, claro!

Beko disse...

Era para falar, mas até acho que ele tem razão. Sou aliás da mesma opinião que não sei quem do jugular: acho que casar, em geral, traz um monte de sarilhos. Vendo as 48 mortes resultantes de violência doméstica em Portugal, cheira-me que é cada vez mais perigoso casar. Só mesmo as "pessoas do mesmo sexo" é que continuam a querer, mas ninguém os deixa (parece que o Sócres pôs isso na moção dele ao congresso, não deve ter tido oportunidade de o fazer antes, coitadinho que tem tanto trabalho).