POR DANIEL OLIVEIRA 25 NOV 09
"The pen in my hand is heavy with ink,\inspiration comes not to my mind.\I try very hard to think,\but destiny is not too kind.\So I will put my pen away,\no poetry is very frustrating.\Tomorrow words will come my way,\which to me is very exhilarating." Bernard Shaw
25 novembro 2009
A Arte de Discutir
POR DANIEL OLIVEIRA 25 NOV 09
2 comentários:
- Petit Bourgeois@Villa disse...
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Basta cumprir a lei. Ninguém tem que ver com o que se passa na minha cabeça. Tolerância é ter direito a este tipo tipo de reserva mental. Intolerância é a geografia ditar o que penso. Se não destrato alguém porque a lei do país me impede, ainda que eu esteja a morrer de vontade, não há problema, sou apenas, provavelmente, mau ou menos "civilizado".
Mas para ilustrar este caso, não é preciso pensar em emigrar, ele acontece em todos os países, no preciso sítio onde está.
E daí ser reconhecido na doutrina que esta espécie de hipocrisia forçada é essencial à sociedade democrática.
Que se assinem os contratos " de valores" todos e depois que alguém explique o valor desse contrato. O alemão viola a lei, o emigrante viola o contrato. Matou alguém? Sim, violou o contrato. Os outros, os que não assinam, violam a lei penal? Ou viola ambos? E a lei penal não chegava?
O contrato é juridicamente idiota por não estar o Direito habilitado - como nunca esteve - a regular matérias de pensamento. Simplesmente é impossível. Quem era contra o aborto não passou a aderir aos fundamentos subjacentes ao "sim" com a mudança da lei. A aposição da assinatura num contrato não implica mudança alguma. Um contrato regula aspectos psicológicos (coisa inquisitorial), e a única prova possível é o comportamento?
Se eu fosse alemão, exigia imediatamente um contrato para mim também. Fico psicologicamente muito mais descansado com o incumprimento de um contrato que com o incumprimento da lei. Prisão? Mas eu só violei um contrato! Ahh é um contrato especial! E é um contrato de adesão? Como se esses contratos não fossem já suficientemente problemáticos. Afinal é uma lei, não passa de uma lei, da qual se exige o conhecimento do emigrante e finge-se que uma assinatura é suficiente como para o "consentimento informado", esse também quase sempre pouco informado e pouco consentido.
Se eu quiser ir à Arábia Saudita vou. Cumpro a lei do país. Nada mais me pode ser exigido, por muito que lamente a situação. Mais: slippery slope: que afinal se pode exigir? Se for aos EUA sou obrigado a aderir psicologicamente à espécie americana de liberalismo económico? Aliás, se for a nova Iorque adiro a uma coisa, mas se for ao Tennessee a outra? Numa não me é indiferente, noutra é me indiferente que haja um regime que permita o enriquecimento de uma forma tão desinibida só permitida pela ausência de protecção social?
A qualificação do viajante como hipócrita implica a obrigação moral de se ser uma coisa hoje e outra amanhã pelo simples facto de se cruzar uma fronteira tantas vezes (senão todas) artificiais. - 9:15 da manhã
- Petit Bourgeois@Villa disse...
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p.s.: e o que isso de "aceitar" as leis?
- 10:30 da manhã
Porque raio não pode uma pessoa ser, como tantos alemães, contra a igualdade entre homens e mulheres e viver na Alemanha? Desde que cumpra a lei, que raio de rastreio ideológico é este? E depois? Terão de assinar um papel a dizer que são contra a homofobia? E contra o comunismo? E contra o desrespeito pelo ambiente? Onde acaba?
Eu também não sou neutro entre diferentes tipos de regime (quanto às sociedades, talvez não fosse mau recoar um pouco na memória). Por isso defendo que as sociedades democráticas são mais exigentes consigo próprias.
De facto, as frases que se dizem como se não fosse nada.